sábado, 5 de janeiro de 2013

SUSPEITAS, NEGATIVAS E CONFIRMAÇÃO- RELATO DE EXPERIÊNCIA : 3a PARTE

        Acredito que a maioria dos pais de bebezinhos começam a pesquisar pediatras bons para levar seu filho e com a gente não foi diferente. Fomos a algumas e não gostamos e a que mais nos marcou foi uma que  a gente levou o Luan com um pouco menos de 3 meses e ela disse que tinha alguma coisa errada com ele que ia investigar para descartar algumas síndromes. Saímos revoltados do consultório. Como ela podia dizer um negócio desse?Ele ainda era um bebezinho. Quando contávamos essa história às pessoas elas discordavam, menos a minha irmã( Terapeuta Ocupacional, mãe de um autista e um asperger), que não concordava mas também não discordava. Hoje a gente percebe quão boa e competente é essa médica, que por coincidência do destino hoje trabalha no mesmo local que minha irmã.
          Então minha irmã tratou logo de nos encaminhar para médicos  e terapeutas reconhecidos. Um médico fez um monte de testes básicos de reflexos, examinou ele de ponta a cabeça, passou exames e disse "ele é perfeito". Uma terapeuta ocupacional, colega da minha irmã, aceitou fazer observações e trabalhar com o Luan, mas quando ele tinha 6 meses deu alta para ele dizendo que não via nada de errado, mas a minha irmã com certeza via e não nos dizia com todas as  letras para não nos magoar, mas nos dava indícios, buscava opiniões com especialistas, mas eles diziam que ele não tinha nada, que era coisa da cabeça dela, que ela estava traumatizada por causa dos seus filhos, eu também dizia isso. Inclusive a pediatra da época, que foi trocada pela primeira,que íamos semanalmente, depois mensalmente, dizia que ele era normal.
          E o tempo foi passando e minha irmã sempre de orelha em pé. No desenvolvimento motor, ele não teve nada, segurou o pescoço no tempo certo, engatinhou e andou no tempo certo. Mas, com 1 ano de idade ele nunca tinha dormido uma noite toda, ainda acordava chorando, gritando, acordava, 5, 10, 15 vezes, íamos para o trabalho arrasados. Eu fiquei mais de um ano sem dormir uma noite toda. Com 1 ano e  alguns meses ele começou a balbuciar algumas palavras, como mamã, papá, chuva, água(falava bem certinho chuva e água).Ele foi crescendo, mas quando saía continuava a fazer escândalos, chorar, se jogar para trás e as pessoas com olhar de condenação como se fossemos péssimos pais. 
        Por volta dos dois anos, ele parou de falar, de olhar para a gente, de nos buscar, se isolava, quando a gente chegava perto ele saia, quando ficávamos de frente ele virava as costas. Não respondia mais pelo nome. Nessa época fomos ao shopping, a uma médica que ficava dentro do shopping, e o Luan fez o maior escândalo do mundo quando chegamos na escada rolante, só faltou derrubar o Saulo da escada . Não parou de chorar nenhum momento, fomos para casa e ele continuou chorando o percurso todo, deixamos minha mãe em casa, ela estava conosco e ela contou a minha irmã o ocorrido, e minha irmã que já tinha tido paciência demais me chamou e disse "você não acha mesmo que seu filho é autista, comece a comparar ele com as outras crianças da sua idade". Ela pediu a uma fono muito conhecida aqui em Maceió para fazer uma avaliação e ela disse que realmente tinha alguma coisa errada.
           Começamos a observar e constatamos que ele com quase dois anos não dava tchau, não apontava, não buscava outras crianças e nem gostava de ficar sequer perto delas, tapava os ouvidos com as mãos com cara de pavor constantemente, rodava todos os objetos que pegasse, virava os carrinhos com as rodas para cima e ficava horas e horas girando e fixado nas  rodas,não atendia a ordens simples como abrir a  porta, balançava as mãos constantemente quando estava alegre. Eram muitos sinais, não tinha mais como negar.
               Eu marquei uma neuro e ela fez algumas perguntas, disse que ele tinha características  de autismo, mas que ainda não fechava o disgnóstico. Mas a ficha finalmente caiu para nós, foi muito doloroso, choramos muito, durante muito tempo, nos primeiro meses eu chorava o dia todo. Era como se tivessem matado meu filho perfeito, com tantos planos, de estudar, trabalhar, ter filhos, etc. Nada disse ia acontecer?Doía demais, dor profunda e indescritível, como se abrisse um buraco no chão e você olhasse para cima e para os lados e estivesse tudo preto. Como se estivéssemos em um pesadelo terrível e não conseguíssemos acordar.
          E agora meu bom Deus nos dê força e nos mostre: o que fazer? Estávamos perdidos sem saber o que era de fato o autismo, sabíamos um pouco por causa de Davi, nosso sobrinho autista. Mas ele não era muito parecido com Davi, pois ninguém é igual ao outro e os autistas também são diferentes entre si.


KARLLA, MÃE do LU.
           

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