quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Documentário A NATUREZA DAS COISAS

Documentário sobre Autismo com participação da Autista savante e  Prof. Phd. Temple Grandin.



quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

COMPORTAMENTO REPETITIVO NO AUTISMO



Se o autismo de seu filho inclui rituais repetitivos, você vai querer aprender o máximo possível sobre o comportamento repetitivo no autismo. O sintoma comum do autismo inclui uma gama de comportamentos incomuns que podem ser perturbadores para os pais. Aprender sobre o comportamento repetitivo pode ajudá-lo a entender melhor seu filho e aprender maneiras possíveis para diminuir a intensidade dos comportamentos.

Comportamento repetitivo em geral Autismo

Comportamento repetitivo é o termo para descrever tipos específicos de comportamentos incomuns voluntários comumente encontradas no autismo. Comportamento repetitivo é também por vezes referido como auto-estimulador comportamento ou Stimming. Cada caso de autismo é único e nem todos experimentam comportamento repetitivo.

As pessoas afetadas com autismo podem se envolver em diferentes níveis de comportamento repetitivo. Algumas pessoas só podem apresentar um comportamento repetitivo quando se sente irritado ou excitado. No entanto, outros podem ter rígidos rituais repetitivos que limitam sua capacidade de participar de outras atividades que não fazem parte da sua rotina.

O comportamento repetitivo geralmente começa aos dois ou três anos de idade e às vezes pode ser extremo durante os anos pré-escolares. Como as crianças afetadas envelhecem, os comportamentos podem ser menos prevalente, especialmente com a terapia. 

Tipos de comportamento repetitivo

Padrões de comportamento repetitivo pode manifestar-se um número de maneiras que variam de um movimento da mão simples de um complexo ritual físico. Comportamento repetitivo comum inclui:Mão ou braço batendoTwirlingMúsculos apertamentoRepetindo um ruído ou frase em um padrão (ecolalia)Balançando para frente e para trásDedos flickingBater a cabeça

Comportamento repetitivo às vezes pode incluir auto-lesão. Algumas pessoas com autismo envolver em auto-prejudicando rituais como bater a cabeça, a pele coçando ou dentes excessivamente moagem. 

Qual é o significado do comportamento repetitivo? 

Não se sabe exatamente por que uma pessoa com autismo se engaja em comportamento repetitivo. No entanto, algumas teorias sugerem que o comportamento é um tipo de resposta a uma sensação ou experiência. Por exemplo, uma pessoa com autismo pode balançar para trás e para frente quando angustiado, a fim de se acalmar. Outra pessoa afetada pode bater suas mãos quando ele está animado sobre um assunto favorito, como curiosidades dos esportes.Outras teorias propõem que comportamentos repetitivos podem estar relacionadas à forma como uma pessoa com autismo processa a informação. Por exemplo, uma pessoa com autismo pode virar os dedos repetidamente na frente de seus olhos enquanto ela escuta música.Estas teorias conduzem à questão de saber se ou não o comportamento repetitivo é uma forma de comunicação. Os gestos repetitivos poderia ser visto como mensagens. Para uma pessoa com autismo, meio braço batendo, "Eu não gosto disso." No entanto, girando para outra pessoa com autismo traduz para "Isto faz-me feliz." 

Causas de comportamento repetitivo 

Embora a causa do comportamento repetitivo é desconhecida, estudos recentes sugerem que pessoas com autismo podem ter determinadas anormalidades cerebrais. Alguns estudos têm observado irregularidades na estrutura do cérebro de algumas pessoas com autismo que podem resultar em sintomas do autismo, como comportamento repetitivo. Os cientistas também identificaram deficiências no cérebro de alguns indivíduos autistas que afetam as habilidades cognitivas e os desequilíbrios de neurotransmissores que pode produzir um comportamento incomum. 

Estudos sobre o comportamento repetitivo

Dois estudos recentes têm lançado luz sobre as possíveis causas de comportamento repetitivo. 

2008 Hofstra University Study

Em maio de 2008, Hofstra University anunciou os resultados de um estudo que ligava o autismo comportamento repetitivo de deficiência em certas partes do cérebro. O estudo envolveu 18 pessoas com autismo e 15 pessoas com o desenvolvimento cerebral média. Os cientistas usaram ressonância magnética funcional (fMRI) para descobrir como as diferentes regiões do cérebro responderam a atividades cognitivas. A fMRI mostraram que as pessoas com autismo tinham menor atividade no córtex pré-frontal, córtex parietal e gânglios da base que as pessoas com o desenvolvimento cerebral média. 2009 Cérebro Estudo AnormalidadesUm estudo de 2009 publicado no Jornal de Transtornos do autismo e Desenvolvimento descobriu que anormalidades corpo caloso no cérebro pode levar a sintomas de autismo, como comportamento repetitivo. Os participantes do estudo tinham todos 32 graus semelhantes de autismo e QI. Cada participante recebeu um grupo de testes neurocognitivos e exames cerebrais de ressonância magnética, que revelou que todos eles tinham um corpo caloso menor do que a pessoa média. Tratamentos para o Comportamento repetitivo

Técnicas de terapia comportamental e medicamentos podem ajudar a diminuir a intensidade do comportamento repetitivo. 

Terapia

A terapia comportamental e sensorial pode ser tratamentos eficazes para o comportamento repetitivo no autismo. Técnicas de terapia incluem:

Análise do Comportamento Aplicada: a análise comportamental aplicada envolve um sistema de recompensas para o comportamento positivo e ignorando comportamento repetitivo. A terapeuta conduz a terapia em um ambiente estruturado e desencoraja o comportamento repetitivo por apenas recompensar o comportamento adequado.Terapia de Integração Sensorial: a terapia de integração sensorial pode ajudar uma criança com autismo que tem informações de problemas de processamento sensorial, além de comportamento repetitivo. Alguns dos comportamentos podem ser o resultado de ansiedade sobre problemas de processamento sensoriais. Um terapeuta pode ajudar você a desenvolver um plano personalizado para o seu filho que pode ajudar a resolver questões sensoriais e diminuir o comportamento repetitivo.

Medicação

Certos medicamentos às vezes são recomendados para ajudar a reduzir o comportamento repetitivo. As seguintes quatro medicamentos são prescritos às vezes para o comportamento repetitivo:

Risperidona: risperidona (Risperdal) é um medicamento antipsicótico. Risperdal é atualmente a única Federal dos EUA Food and Drug Administration (FDA) aprovou a medicação para tratar o autismo. A risperidona é geralmente recomendada apenas para pessoas maiores de 18 anos.Fluxetine: Prozac é o nome comercial para fluxetine, um antidepressivo e ansiolítico. Esta droga é por vezes recomendado para o autismo ainda um estudo recente mostrou que ele pode ser um tratamento ineficaz para o comportamento repetitivo. Fluxetine normalmente só é recomendado para pessoas maiores de 18 anos.A fluvoxamina: A fluvoxamina (Luvox) é um antidepressivo que pode ser usado por crianças com mais de oito anos de idade.Valproato: Crianças maiores de dois anos de idade podem usar valproato. Valproato (Depakote) é um estabilizador do humor medicação.Você pode obter a ajuda certa para seu filho. A intervenção precoce pode fazer uma diferença significativa na redução de comportamentos repetitivos no autismo. Investigação em curso também oferece esperança para melhores tratamentos futuros.

Fonte do artigo:  autism.lovetoknow.com

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

DIETA SEM GLÚTEN E SEM CASEÍNA- RELATO: 9a PARTE

         


            A dieta (SGSC) é muito recomendada para as pessoas que estão no espectro autista e sei muito bem da sua importância e dos estudos comprovando a eficácia da mesma, principalmente fora do Brasil. Minha irmã me convenceu e procurei ler bastante sobre o assunto e resolvemos fazer com o Luan, durou 8 meses. Percebemos uma melhora na agitação e nas estereotipias. Mas na linguagem não. Tanto é que quando paramos a dieta, ele começou a falar. Mas se vimos melhoras porque paramos? Por vários motivos. Primeiro: não existe nenhum médico, pediatra ou neuro que recomende essa dieta aqui em Maceió, ou seja, não tem nenhum especialista DAN (Autism Research Institute-Especialista no Tratamento Biomédico do Autismo), é uma pena. Muitas vezes tínhamos que esconder que fazíamos a dieta porque as médicas ficavam bravas, depois resolvemos não esconder mais, pois era uma opção nossa e o filho era nosso, só que ficávamos perdidos sem saber que suplementos ele tomaria, já que quem faz a dieta tem que tomar suplementos e nenhuma médica daqui passava. E a gente percebeu que ele foi emagrecendo muito e ficando um pouco fraco.
              Outra coisa, aqui em Maceió não se acha quase nada SGSL ( sem glúten e sem lactose), ou acha sem glúten ou sem lactose, mas sem os dois juntos não! E quando se encontra são muito caros. Faltava opções para lanche e resolvi procurar receitas, algumas deram certo, outras não. Mas ficava muito difícil pois trabalho fora  e no outro horário vou para as terapias com ele e  praticamente todas a noites ele acorda. Só se eu não dormisse para fazer as receitas e muitas vezes acontecia quase isso,  ia dormir de madrugada para fazer o lanche da escola.
           Realmente tentei e gostaria muito de voltar a fazer a dieta com o Luan, espero que algum médico e terapeutas em geral daqui se atualizem e se especializem. E que chegue mais produtos nessa linha.

KARLLA, MÃE de LU.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O HOMEM CÂMERA- AUTISTA ÚNICO

Nascido em Londres, o artista arquitetônico Stephen Wiltshire, também é conhecido como o "Homem câmera" por sua habilidade em desenhar cidades em profundidade após vê-la apenas uma vez. Ele espantou a todos ao desenhar centenas de edifícios de Londres, em escala exata, numa área de 7 quilômetros quadrados, após apenas um vôo de 20 minutos com um helicóptero sobre a cidade.

Stephen foi diagnosticado com autismo aos três anos de idade. Nessa idade precoce, ele era incapaz de se fazer entender. Alguns professores de Queensmill, uma escola em Fulham para crianças com necessidades especiais, faziam com que Stephen escrevesse suas mensagens e ele conseguiu desenvolver habilidades linguísticas aprendendo palavras relacionadas ao seu trabalho. Agora, com a idade de 33 anos, Stephen Wiltshire é capaz de se comunicar com os outros, levando uma vida independente. 


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Fonte: http://www.diarioinsano.com.br/2010/07/ ... umana.html


ALGUMAS CURIOSIDADES:SÍNDROME DE SAVANT


 Síndrome de Savant:

       Os portadores de Síndrome de Savant são um mistério que fascina e intriga a ciência. Donos de uma memória extraordinária – são capazes de decorar livros inteiros depois de uma única leitura ou tocar uma música com perfeição após a primeira audição –, eles possuem ao mesmo tempo sérios défices de desenvolvimento, como uma grande dificuldade para falar e se relacionar socialmente. É assim que começa um texto da edição on-line do jornal O Globo, de quem Ciência Hoje recebeu autorização expressa para citar e reproduzir parcialmente.
Ainda segundo O Globo, a síndrome costuma aparecer em dez por cento dos autistas e também dois por cento das pessoas que sofrem algum tipo de dano no cérebro, provocado por acidente ou doenças. O mais famoso savant do mundo, o americano Kim Peek, que inspirou o diretor Barry Levinson a fazer o filme Rain Man, aprendeu a ler aos 2 anos e hoje, aos 55, sabe de cor mais de 7.500 livros.
         
         Eles desenvolvem habilidades excepcionais numa determinada área, mas mal conseguem comunicar-se e relacionar-se com as outras pessoas. Costumamos dizer que são como ilhas de excelência num mar de deficiências,conta a O Globo o psiquiatra Estêvão Valdaz, coordenador do Projecto Autismo do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
        Quem primeiro descreveu o savantismo foi o médico Langdon Down – que ficou famoso por ter identificado a síndrome de Down (vulgo mongolismo). Em 1887, Down apresentou à sociedade médica de Londres a história de dez pacientes que ele chamou, na época, de "idiots savants" ou sábios idiotas. De lá para cá, pouco se avançou no sentido de se descobrir as causas que levam essas pessoas a terem uma memória extraordinária. Muitos cientistas acreditam que a síndrome está relacionada a algum tipo de dano no hemisfério esquerdo do cérebro que forçaria o lado direito a compensar essa falha. Isto porque as habilidades desenvolvidas pelos portadores da síndrome, normalmente nas áreas de música, pintura, desenho e cálculo são todas relacionadas com esse hemisfério. Já as funções ligadas ao lado esquerdo, como a linguagem e a fala tendem a ser pouco desenvolvidas.
           O psiquiatra Estêvão Valdaz conta ainda àquele jornal brasileiro que no hospital das clínicas onde trabalha, dos 1.500 pacientes autistas cerca de 150 são portadores da síndrome. A maioria tem uma incrível habilidade com os números, muitos fazem contas complicadíssimas em décimos de segundos – tão rápidos quanto uma máquina. Também são expert em calendários, conseguem calcular rapidamente, por exemplo, em que dia da semana vai cair uma determinada data, mesmo que seja um dia qualquer do próximo século.
             A Síndrome de Savant, que é quatro vezes mais frequente entre os homens, pode ser congénita ou adquirida após algum tipo de dano cerebral. Não é uma doença de diagnóstico fácil. Principalmente, quando surge em consequência do autismo, que costuma se manifestar na infância. Estêvão Valdaz diz que a maioria dos pais costuma ficar tão maravilhada com as habilidades do filho que custa a crer que na verdade a criança tenha algum problema.

O Autismo está presente somente em 50% das pessoas com Síndrome Savant. Os outros 50% apresentam outras formas de limitação em seu desenvolvimento, como retardo mental ou outra lesão no sistema nervoso central.

É possível encontrar três classes distintas de pessoas com Síndrome de Savant:

  • Savant habilidoso é o tipo mais comum. São as pessoas que têm obsessão ou grande preocupação em decorar coisas triviais, como músicas, esporte, mapas, fatos históricos, etc.

  • Savant talentoso é representado pelas pessoas que possuem grande deficiência cognitiva, porém também tem um grande talento, pode ser voltado para música, arte, normalmente uma área específica.

  • Savant prodígio, nesta classificação encontramos as pessoas que possuem habilidade extremamente proeminente, que não poderia ocorrer com pessoas fora dessa condição.
Fontes:

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=2880&op=all
http://www.psicologiananet.com.br/sindrome-de-savant-%E2%80%93-caracteristicas-da-crianca-com-autismo-e-da-crianca-com-sindrome-de-savant/1297/



10 COISAS SOBRE O AUTISMO:


1) Antes de tudo eu sou uma criança.

Eu tenho autismo. Eu não sou somente "Autista". O meu autismo é só um aspecto do meu caráter. Não me define como pessoa. Você é uma pessoa com pensamentos, sentimentos e talentos. Ou você é somente gordo, magro, alto, baixo, míope. Talvez estas sejam algumas coisas que eu perceba quando conhecer você, mas isso não é necessariamente o que você é. Sendo um adulto, você tem algum controle de como se auto-define. Se quer excluir uma característica, pode se expressar de maneira diferente. Sendo criança eu ainda estou descobrindo. Nem você ou eu podemos saber do que eu sou capaz. Definir-me somente por uma característica, acaba-se correndo o risco de manter expectativas que serão pequenas para mim. E se eu sinto que você acha que não posso fazer algo, a minha resposta naturalmente será: Para que tentar?

2)A minha percepção sensorial é desordenada.

Interação sensorial pode ser o aspecto mais difícil para se compreender o autismo. Quer dizer que sentidos ordinários como audição, olfato, paladar, toque, sensações que passam desapercebidas no seu dia a dia podem ser doloridas para mim. O ambiente em que eu vivo pode ser hostil para mim. Eu posso parecer distraído ou em outro planeta, mas eu só estou tentando me defender. Vou explicar o porquê uma simples ida ao mercado pode ser um inferno para mim: a minha audição pode ser muito sensível. Muitas pessoas podem estar falando ao mesmo tempo, música, anúncios, barulho da caixa registradora, celulares tocando, crianças chorando, pessoas tossindo, luzes fluorescentes. O meu cérebro não pode assimilar todas estas informações, provocando em mim uma perda de controle. O meu olfato pode ser muito sensível. O peixe que está à venda na peixaria não está fresco. A pessoa que está perto pode não ter tomado banho hoje. O bebê ao lado pode estar com uma fralda suja. O chão pode ter sido limpo com amônia. Eu não consigo separar os cheiros e começo a passar mal. Porque o meu sentido principal é o visual. Então, a visão pode ser o primeiro sentido a ser super-estimulado. A luz fluorescente não é somente muito brilhante, ela pisca e pode fazer um barulho. O quarto parece pulsar e isso machuca os meus olhos. Esta pulsação da luz cobre tudo e distorce o que estou vendo. O espaço parece estar sempre mudando. Eu vejo um brilho na janela, são muitas coisas para que eu consiga me concentrar. O ventilador, as pessoas andando de um lado para o outro... Tudo isso afeta os meus sentidos e agora eu não sei onde o meu corpo está neste espaço.

3) Por favor, lembre de distinguir entre não poder (eu não quero fazer) e eu não posso (eu não consigo fazer)
Receber e expressar a linguagem e vocabulário pode ser muito difícil para mim. Não é que eu não escute as frases. É que eu não te compreendo. Quando você me chama do outro lado do quarto, isto é o que eu escuto "BBBFFFZZZZSWERSRTDSRDTYFDYT João". Ao invés disso, venha falar comigo diretamente com um vocabulário simples: "João, por favor, coloque o seu livro na estante. Está na hora de almoçar". Isso me diz o que você quer que eu faça e o que vai acontecer depois. Assim é mais fácil para compreender.

4) Eu sou um "pensador concreto" (CONCRETE THINKER). O meu pensamento é concreto, não consigo fazer abstrações.

Eu interpreto muito pouco o sentido oculto das palavras. É muito confuso para mim quando você diz "não enche o saco", quando o que você quer dizer é "não me aborreça". Não diga que "isso é moleza, é mamão com açúcar" quando não há nenhum a mamão com açúcar por perto e o que você quer dizer é que isso e algo fácil de fazer. Gírias, piadas, duplas intenções, paráfrases, indiretas, sarcasmo eu não compreendo.

5)Por favor, tenha paciência com o meu vocabulário limitado.

Dizer o que eu preciso é muito difícil para mim, quando não sei as palavras para descrever o que sinto. Posso estar com fome, frustrado, com medo e confuso, mas agora estas palavras estão além da minha capacidade, do que eu possa expressar. Por isso, preste atenção na linguagem do meu corpo (retração, agitação ou outros sinais de que algo está errado).
Por um outro lado, posso parecer como um pequeno professor ou um artista de cinema dizendo palavras acima da minha capacidade na minha idade. Na verdade, são palavras que eu memorizei do mundo ao meu redor para compensar a minha deficiência na linguagem. Por que eu sei exatamente o que é esperado de mim como resposta quando alguém fala comigo. As palavras difíceis que de vez em quando falo podem vir de livros, TV, ou até mesmo serem palavras de outras pessoas. Isto é chamado de ECOLALIA. Não preciso compreender o contexto das palavras que estou usando. Eu só sei que devo dizer alguma coisa.

6)Eu sou muito orientado visualmente porque a linguagem é muito difícil para mim.

Por favor, me mostre como fazer alguma coisa ao invés de simplesmente me dizer. E, por favor, esteja preparado para me mostrar muitas vezes. Repetições consistentes me ajudam a aprender. Um esquema visual me ajuda durante o dia-a-dia. Alivia-me do stress de ter que lembrar o que vai acontecer. Ajuda-me a ter uma transição mais fácil entre uma atividade e outra. Ajuda-me a controlar o tempo, as minhas atividades e alcançar as suas expectativas. Eu não vou perder a necessidade de ter um esquema visual por estar crescendo. Mas o meu nível de representação pode mudar. Antes que eu possa ler, preciso de um esquema visual com fotografias ou desenhos simples. Com o meu crescimento, uma combinação de palavras e fotos pode ajudar mais tarde a conhecer as palavras.

7)Por favor, preste atenção e diga o que eu posso fazer ao invés de só dizer o que eu não posso fazer.

Como qualquer outro ser humano não posso aprender em um ambiente onde sempre me sinta inútil, que há algo errado comigo e que preciso de "CONSERTO". Para que tentar fazer alguma coisa nova quando sei que vou ser criticado? Construtivamente ou não é uma coisa que vou evitar. Procure o meu potencial e você vai encontrar muitos! Terei mais que uma maneira para fazer as coisas.

8)Por favor, me ajude com interações sociais.

Pode parecer que não quero brincar com as outras crianças no parque, mas algumas vezes simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar na brincadeira. Se você pode encorajar outras crianças a me convidarem a jogar futebol ou brincar com carrinhos, talvez eu fique muito feliz por ser incluído. Eu sou melhor em brincadeiras que tenham atividades com estrutura começo-meio-fim. Não sei como "LER" expressão facial, linguagem corporal ou emoções de outras pessoas. Agradeço se você me ensinar como devo responder socialmente. Exemplo: Se eu rir quando Sandra cair do escorregador não é que eu ache engraçado. É que eu não sei como agir socialmente. Ensine-me a dizer: "você esta bem?".

9)Tente encontrar o que provoca a minha perda de controle.

Perda de controle, "chilique", birra, mal-criação, escândalo, como você quiser chamar, eles são mais horríveis para mim do que para você. Eles acontecem porque um ou mais dos meus sentidos foi estimulado ao extremo. Se você conseguir descobrir o que causa a minha perda de controle, isso poderá ser prevenido - ou até evitado. Mantenha um diário de horas, lugares pessoas e atividades. Você encontrar uma seqüência pode parecer difícil no começo, mas, com certeza, vai conseguir. Tente lembrar que todo comportamento é uma forma de comunicação. Isso dirá a você o que as minhas palavras não podem dizer: como eu sinto o meu ambiente e o que está acontecendo dentro dele.

10)Se você é um membro da família me ame sem nenhuma condição.

Elimine pensamentos como "Se ele pelo menos pudesse…" ou "Porque ele não pode…" Você não conseguiu atender a todas as expectativas que os seus pais tinham para você e você não gostaria de ser sempre lembrado disso. Eu não escolhi ser autista. Mas lembre-se que isto está acontecendo comigo e não com você. Sem a sua ajuda a minha chance de alcançar uma vida adulta digna será pequena. Com o seu suporte e guia, a possibilidade é maior do que você pensa. Eu prometo: EU VALHO A PENA.
E, finalmente três palavras mágicas: Paciência, Paciência, Paciência. Ajuda a ver o meu autismo como uma habilidade diferente e não uma desabilidade. Olhe por cima do que você acha que seja uma limitação e veja o presente que o autismo me deu. Talvez seja verdade que eu não seja bom no contato olho no olho e conversas, mas você notou que eu não minto, roubo em jogos, fofoco com as colegas de classe ou julgo outras pessoas? É verdade que eu não vou ser um Ronaldinho "Fenômeno" do futebol. Mas, com a minha capacidade de prestar atenção e de concentração no que me interessa, eu posso ser o próximo Einstein, Mozart ou Van Gogh. Eles também tinham autismo, uma possível resposta para alzaheim o enigma da vida extraterrestre -
O que o futuro tem guardado para crianças autistas como eu, está no próprio futuro. Tudo que eu posso ser não vai acontecer sem você sendo a minha Base. Pense sobre estas "regras" sociais e se elas não fazem sentido para mim, deixe de lado. Seja o meu protetor seja o meu amigo e nós vamos ver ate onde eu posso ir.

sábado, 12 de janeiro de 2013

REPORTAGEM DA RECORD SOBRE AUTISMO



*Matéria muito bonita sobre o Nicolas, que é autista. Uma verdadeira história de superação.

O QUE NOS PEDE UM AUTISTA?



1. Ajuda-me a compreender. Organiza meu mundo e ajuda-me a prever o que vai acontecer.Dá-me ordem, estrutura, e não um caos.

2. Não fiques angustiado comigo, pois isto também me angustia. Respeita meu ritmo. Se compreenderes minhas necessidades e meu modo especial de ver a realidade, não terás dificuldade de te relacionares comigo. Não te deprimas; o normal é eu progredir e me desenvolver cada vez mais.

3. Não fales muito, nem depressa demais. Para ti as palavras voam como plumas, não pesam para ti, mas para mim podem ser uma carga muito pesada. Muitas vezes não é esta a melhor maneira de te relacionares comigo.

4. Como todas as demais crianças, e como os adultos, sinto necessidade de partilhar o prazer e gosto de fazer bem as coisas, embora nem sempre o consiga.

5.
 Preciso de mais ordem do que tu e mais do que tu preciso prever as coisas no meu meio. Precisamos negociar meus rituais de convivência.
  
6. Para mim é difícil compreender o sentido de muitas coisas que me pedem para fazer. Ajuda-me a compreender. Procura pedir-me coisas que tenham sentido completo e decifrável. Não deixes que eu me embruteça e fique inativo.

7. Não te envolvas demais comigo. Às vezes as pessoas são muito imprevisíveis, barulhentas demais e excessivamente animadoras. Respeita as distâncias de que preciso, mas sem me deixares sozinho.

8. O que eu faço não é contra ti. Quando fico irritado ou me firo; quando quebro alguma coisa ou me agito demais; quando tenho dificuldade de fazer o que me pedes, não estou querendo te aborrecer. Porque tenho um problema de intenções. Não me atribuas más intenções.

9. Meu desenvolvimento não é irracional, embora não seja fácil de entender. Tem sua própria lógica, e muitas das condutas que chamas de "alteradas" são formas de enfrentar o mundo com minha forma especial de ser e perceber. Faze um esforço para me compreenderes.

10. As outras pessoas são muito complicadas. Meu mundo não é complexo nem fechado, é um mundo simples. Embora possa parecer estranho o que te digo, meu mundo é tão aberto, tão sem embustes e mentiras, tão ingenuamente exposto aos outros que é difícil penetrar nele. Não vivo numa "fortaleza vazia", mas numa planície tão aberta que pode parecer inacessível. Sou muito menos complicado do que as pessoas que consideras normais.

11. Não me peças sempre as mesmas coisas, nem exijas de mim as mesmas rotinas.

12. Não sou apenas autista. Sou também uma criança, um adolescente ou um adulto. Partilho muitas coisas das crianças, dos adolescentes e adultos que chamas de "normais". Gosto de brincar e de me divertir, gosto de meus pais e das pessoas que me cercam; fico contente quando faço bem as coisas. Na minha vida há mais o que partilhar do que separar.

13. Vale a pena viver comigo. Posso te proporcionar tanta satisfação como as demais pessoas. Pode acontecer um momento em tua vida em que eu, autista, seja tua maior e melhor companhia.

14. Não me agridas quimicamente. Se te disserem que preciso tomar um medicamento, providencie o acompanhamento periódico por um especialista.

15. Nem meus pais nem eu temos culpa do que se passa comigo. Tampouco são culpados os profissionais que me ajudam. Não adianta culpar uns e outros. Às vezes minhas reações e condutas podem ser difíceis de entender ou de suportar, mas não é por culpa de ninguém. A ideia de "culpar" não faz mais do que produzir sofrimento com relação ao meu problema.

16.
 Não me peças constantemente coisas que estão fora de meu alcance, de minha possibilidade. Pede-me, porém , as que sou capaz de fazer. Ajuda-me a ter mais autonomia, para compreender melhor, comunicar-me melhor, mas não me ajude demais.

17. Não precisas mudar completamente sua vida pelo fato de viver com uma pessoa autista. A mim nada aproveita o estares mal, que te feches e te deprimas. Preciso de estabilidade e de bem-estar emocional em torno de mim para me sentir melhor. Não penses tampouco que eu tenha culpa do que se passa comigo.

18.
 Ajuda-me com naturalidade, sem tornar essa ajuda uma obsessão  Para me ajudar precisas ter teus momentos de repouso ou te dedicares a tuas próprias atividades. Fica perto de mim, não te vás, mas não te sintas sob o peso de uma carga insuportável. Na minha vida tem havido momentos difíceis, mas posso estar cada vez melhor.

19. Aceita-me como sou. Não condicione tua aceitação a que eu deixai de ser autista. Sê otimista sem te tornares "romântico". Minha situação em geral tende a melhorar, embora por enquanto não tenha cura.

20. Embora seja difícil comunicar-me ou compreender as sutilezas sociais, na realidade tenho algumas vantagens em comparação com os que tu chamas de "normais". Tenho dificuldade em me comunicar, mas não costumo enganar. Não compreendo as sutilezas sociais, mas tampouco tenho duplas intenções ou sentimentos perigosos tão comuns na vida social. Minha vida poderá ser satisfatória se for simples, ordenada e tranquila, desde que não me façam constantes exigências e me peçam as coisas difíceis para mim. Ser autista é um modo de ser, embora não seja o comum. Minha vida como autista pode ser tão feliz e satisfatória como a tua vida "normal". Nessas vidas podemos vir a nos encontrar e a partilhar muitas experiências.
 

 


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

EU SOU AUTISTA: ME CONHEÇA

 http://danielabolzan.blogspot.com.br
       




        Esse quadro foi muito bem elaborado, pois retrata o dia-a-dia de muitas crianças que estão no espectro autista.Geralmente esse crianças apresentam algumas características descritas acima, não todas. O Luan por exemplo, tem dificuldades para se vestir e comer com a colher, não gosta de lavar os cabelos e cortar unhas e cabelos, quem corta o cabelo dele agora sou eu, porque todos os cabeleireiros se recusaram com medo de machucá-lo pois tínhamos que imobilizá-lo, e agora ele me vê com a tesoura e não dá tanto trabalho, estou pensando até em fazer algum curso, a sorte é que ele tem o cabelo bem cachadinho e não dá para ver muito as falhas..rs..rs. Cortar as unhas era outro dilema, só cortava com ele dormindo, mas agora ela já deixa cortar quando está acordado.
           Apresenta também verdadeira obsessão por tudo que gira, tampas de panela, ventiladores de teto e máquina de lavar roupa, já passamos poucas e boas com ele por causa disso. 
         Ruídos, sons fortes, pessoas falando muito alto o incomodam bastante, deixando-o muito, irritado e angustiado. Ás vezes, quando tiro o volume da tv ele já melhora consideravelmente. Por isso é muito importante conhecer o seu autista para identificar os motivos da agitação  e tentar amenizar. É difícil? Muito. Mas se nós não fizermos, quem vai fazer?
            
KARLLA, MÃE de LU


ASSISTA! É RAPIDINHO : ANDRÉ O PERSONAGEM AUTISTA DA TURMA DA MÔNICA


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013


ESTEREOTIPIAS
(Auto-estimulação)

Stephen M. Edelson, Ph.D
Centro para o Estudo do Autismo, Salem, Oregon
Tradução de Mônica Accioly

       Estereotipias ou comportamentos de auto-estimulação referem-se a movimentos repetitivos do corpo ou de objetos. Este comportamento é comum em muitos indivíduos portadores de distúrbios do desenvolvimento , embora pareça ser mais comum no autismo. Na verdade, se uma pessoa com algum tipo de deficiência apresentar um comportamento de auto-estimulação, freqüentemente será também rotulada de portar características autísticas. As estereotipias podem envolver todos os sentidos. Listamos abaixo os sentidos principais e alguns exemplos de estereotipias.
Sentido
Estereotipias
Visão
fixar luzes, piscar repetidamente,
mexer os dedos a frente dos olhos,
balançar as mãos
Audição
bater nas orelhas, estalar os dedos,
emitir sons vocais
Tato
esfregar a pele com as mãos ou com
objetos, arranhar
Vestibular
balançar para frente e para trás,
balançar de lado
Paladar
levar objetos ou partes do corpo à
boca, lamber objetos
Olfato
cheirar objetos ou pessoas

            Os pesquisadores têm sugerido que existem vários motivos que levam as pessoas a apresentarem tais comportamentos. Um grupo de teorias sugere que eles proporcionam estimulação sensorial (no caso de uma hiposensibilidade). Devido alguma disfunção central ou periférica, o corpo anseia por estimulação e, assim, a pessoa se envolve nesses comportamentos para estimular o sistema nervoso. Uma das teorias postula que as estereotipias liberam beta-endorfinas no corpo (substâncias endógenas tipo ópio) e proporciona algum tipo de prazer interno.
           Outro grupo de teorias sugere que através destes comportamentos a pessoa se acalma (no caso de uma hipersensibilidade). Ou seja, o ambiente é excessivamente estimulador e os sentidos tornam-se sobrecarregados. Para bloquear o excesso de sensações, o indivíduo se envolve nos movimentos repetitivos e desvia sua atenção internamente.
         Os pesquisadores também demonstraram que as estereotipias interferem com a atenção e o aprendizado. Interessante notar que tais comportamentos atuam como reforçadores quando são permitidos após o término de uma tarefa.
       Existem várias maneiras para reduzir ou eliminar as estereotipias, como o exercício ou proporcionando formas mais socialmente apropriadas de estimulação. Algumas medicações também são usadas para reduzir este comportamento, no entanto ainda não está claro se as drogas atuam diretamente (proporcionando a estimulação sensorial necessária) ou indiretamente (diminuindo os movimentos). 

ESTERIOTIPIAS DO LUAN- 8ª PARTE


Dizem que todas as pessoas têm estereotipias, como balançar pernas e pés quando estão sentadas, passar mão no cabelo ou no rosto constantemente, piscando rápido demais, balançar um lápis, entre outros. A diferença é que nós conseguimos nos controlar e os autistas não.
Infelizmente o Luan está com muitas estereotipias, que são movimentos repetitivos e bizarros. É uma característica dos autistas em maior ou menor intensidade. O Luan balança as mãos freneticamente, mexe os dedos na frente dos olhos, emite sons vocais(o mais irritante  é “ummmmummm”), corre muito, e agora está levando tudo que pega à boca (um desespero). Se eu pudesse arrancava esses movimentos e jogava bem longe, mas não posso!!!
Ultimamente ele está muito desorganizado sensorialmente, porque estava de férias da escola e de todas as terapias. Graças, que hoje começou as terapias. Também não encontramos ainda uma medicação eficiente. Pois muitas vezes, acredito, que ele fica muito nervoso porque não dorme suficiente e nem a gente né? O Luan completou 3 anos e nunca dormiu direito, melhorou muito sem dúvida, só acorda todos os dias uma vez ou duas e ás vezes, tem semana que ele dorme uma noite toda, por exemplo das 23:30 às 5:00 horas da manhã, quando isso acontece ficamos muito felizes, mesmo assim é muito pouco tempo dormindo e nós precisamos dormir e descansar também.



KARLLA, MÃE de LU

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

LUAN ASSISTINDO CLIPS







PROGRESSO EM AUTISMO


Progresso em autismo

ter, 08/01/13
por Alysson Muotri |
categoria Espiral
O pequeno Ivan Coimbra, que é autista/Arquivo pessoal
É comum familiares de pessoas afetadas com algum tipo de síndrome acharem que a ciência anda muito devagar. Uma vez um pai perguntou: “se conseguimos colocar um homem na Lua, por que não conseguimos curar de vez o autismo?”. Essa percepção reflete a demora que temos em transferir o conhecimento gerado dentro dos laboratórios para a clínica. Isso é ainda mais vagaroso em doenças que envolvem crianças, pois o teste clínico muitas vezes requer uma série de regulações éticas que servem para proteger os pacientes de um eventual efeito colateral.
No entanto, vejo o momento oportuno e sou otimista quanto a futuras terapias. O progresso científico nos últimos tempos tem sido fantástico, mesmo com crises econômicas afetando as maiores potências científicas mundiais. Tomemos o exemplo do ano passado e das pesquisas com síndromes do espectro autista.
Pelo “PubMed” (portal de busca de trabalhos biomédicos), foram publicados mais de mil artigos sobre a genética e estrutura cerebral de pacientes autistas, número três vezes superior ao mesmo período de tempo de uma década atrás. Tem muita informação nova chegando, com técnicas cada vez mais sofisticadas.
Aprendemos, por exemplo, que é possível observar diferenças no padrão de EEG (eletroencefalografia) em crianças autistas antes do primeiro ano de idade. Detecção precoce significa possibilidade de intervenção precoce. De fato, estudos de 2012 confirmaram que autistas em terapia intensiva tiveram mais que o dobro de melhora comportamental do que aqueles que receberam apenas tratamentos tradicionais, com alguns casos de pacientes até saindo do espectro autista.
Continuamos não sabendo o que causa o autismo. A alta concordância em estudos envolvendo gêmeos idênticos e a associação com outras síndromes genéticas, como a síndrome de Rett, tem confirmado as bases genéticas do autismo e levado a buscas por alterações genômicas em famílias com pacientes autistas. Com o custo do sequenciamento diminuindo, o número de trabalhos nessa área tem crescido exponencialmente.
O que descobrimos é infinitamente mais complexo do que imaginávamos alguns anos atrás, com centenas de genes implicados. Muitos dos genes descobertos estão também presentes em outras condições, como em esquizofrenia e epilepsia. Variações genéticas estão presentes em pelo menos 25% das crianças, mas nenhuma dessas variações contribui com mais de 1-2% de casos e muitas são alterações particulares, ou seja, aparecem em apenas uma criança.
Uma das descobertas mais curiosas é a alta frequência de mutações espontâneas. Essas alterações genéticas não estão presentes no genoma dos pais e, portanto, não seriam hereditárias, mas surgem espontaneamente antes ou no momento da concepção. Algumas alterações genéticas podem acumular no genoma do esperma do pai e aumentar de frequência com o passar dos anos devido a replicação de células progenitoras de espermatozoides.
Pais com mais de 40 anos tem um maior número de mutações e correm um risco significativamente mais elevado de gerar uma criança com autismo quando comparados com pais com menos de 30 anos.
E as causas ambientais? Diversos fatores, como exposição a poluição, pesticidas e antidepressivos têm sido propostos como fatores de risco. A maioria dos estudos baseia-se na exposição da mãe durante a gestação. Muitos desses trabalhos são ainda preliminares devido ao pequeno número amostral. De qualquer forma, grande parte dos cientistas assume que os fatores ambientais interferem com a suscetibilidade genética, mas sabemos muito pouco como isso acontece.
Casos de mutações específicas de famílias de autistas, alterando vias metabólicas conhecidas, como degradação de aminoácidos, sugerem que dietas alimentares podem ser benéficas no tratamento de algumas formas de autismo. Esses estudos nos lembram que doenças genéticas muitas vezes podem ser corrigidas pelo ambiente, ou seja, podem ser reversíveis. Algo impensável há poucos anos. De fato, muitos pesquisadores já concordam com o conceito da reversibilidade e isso tem atraído mais e mais interesse de outros grupos de pesquisa e da indústria farmacêutica (ainda tímida, mas interessada).
De acordo com dados epidemiológicos, o autismo afeta hoje em dia 1 em cada 88 crianças, um aumento de 78% desde 2002. O motivo desse aumento ainda é um mistério, mas, com certeza. melhorias no diagnóstico contribuem para esse acréscimo. Independente das causas, cerca de 1% das crianças afetadas é algo que merece urgência. Se o número de crianças autistas está crescendo realmente, quais seriam os fatores ambientais responsáveis por isso?
A ausência de um agente tóxico óbvio ou mesmo um micro-organismo torna a busca pelas causas do autismo muito difícil. Precisamos olhar com mais atenção, especialmente as pistas que estão surgindo ultimamente. Muitos especialistas acreditam que a exposição pré-natal seria um período critico. Observações recentes de que o cérebro sofre diversas modificações durante o primeiro ano de vida, muito antes dos efeitos comportamentais, suportam essas ideias e são consistentes com esse período de risco. Porém, dados em camundongos sugerem que o período crítico não seria tão essencial como se tem pensado, contrastando com essa teoria. Mas camundongos não são humanos e o argumento continua válido.
Existem milhares de questões a serem respondidas sobre o autismo e tenho percebido um crescente interesse da comunidade científica. O debate sobre o autismo é frequentemente contencioso: uns veem o autismo como uma doença, alguns como uma lesão e outros como identidade. Esse debate é importante pois coloca o autismo na mídia, diminuindo o preconceito e pressionando a classe política por mais recursos para pesquisa. O importante é que muitos pesquisadores agora enxergam o autismo como uma forma de “insight”, ensinando cientistas de diversas áreas sobre genética, evolução, neurociência e comportamento. Seja qual for sua posição, estamos vivendo um período de intenso progresso cientifico que irá, certamente, beneficiar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares.