Muitas escolas e professores colocam que não estão preparadas para receberem um aluno com transtorno do espectro autista, pois não sabem como lidar com os comportamentos problema e sua conduta dentro do ambiente escolar.
A cena é quase sempre a mesma: a criança grita, chora, fica nervosa e os professores se descontrolam sem saber o que fazer. A partir daí, vem à mesma frase absurda que a maioria dos pais de crianças autistas já ouviu: “a escola não está pronta para atender as necessidades de seu filho e ele vai acabar exposto perante o grupo”.
Em nenhum momento, o porque deste choro ou irritabilidade excessiva é questionado. Não é analisado que o comportamento tem uma função e uma causa.
Se analisarmos de uma maneira bem simples, podemos abordar o comportamento da seguinte forma:
Comportamento: fulano chora e grita mostrando irritabilidade excessiva.
Função: o motivo pode ser de uma fuga da demanda, ou seja, para fugir de uma atividade que ele não esta entendendo ou que não é capaz de fazer ainda ou ainda porque não sabe o que vai acontecer naquele espaço, pois não lida bem com a imprevisibilidade.
Solução: o aluno com autista se apóia muito na rotina e em estímulos visuais. Explicações orais não são, na maioria das vezes, entendidas. Porém se demonstrarmos a tarefa para ele, usando a técnica de mão sobre mão e usarmos um quadro de rotina com os passos da tarefa, possivelmente este comportamento possa ser reduzido ou eliminado.
Temos que ter claro que as coisas com o autista não acontecem do dia para a noite. Pode ser que não seja com uma demonstração ou uma tentativa que ele vai aprender. Mas quando acontece alguma crise de birra ou de choro, nas escolas regulares, fica todo mundo na volta, falando sem parar, pegando ele pelo braço, o que não vai diminuir o comportamento e nem resolver o problema, bem pelo contrário, vai aumentar a ansiedade e o stress.
Outro exemplo:
Comportamento: o aluno fica empurrando os colegas e batendo neles quando eles se aproximam.
Função: afastar as pessoas, pois os outros, em algumas situações, incomodam e eles querem ficar sozinhos por um momento.
Solução: em vez de tirar ele de perto dos colegas, o tempo todo, oriente os colegas que não procurem demais a sua atenção, tocando nele o tempo todo e chamando o seu nome sem parar. Ensine ele a se relacionar com as outras crianças.
Sente com ele, próximos aos demais colegas, com um brinquedo ou atividade que ele goste. Vá se aproximando dos outros cada vez mais. Depois ensine ele a brincar com a presença de um colega e após a brincar junto com um colega e vá aumentando o grupo gradativamente.
Só tire ele do local, usando o time out, se ele ficar muito agressivo. Leve ele para um lugar neutro, com calma e paciência, e não fale nada. Este local não deve ter estímulos e espere ele se acalmar. Quando estiver calmo, finalize com um abraço. Com o tempo, ensine ele a pedir desculpa para um colega usando o mesmo abraço que você dá nele quando ele se acalma.
Por falta de preparo, muitos professores colocam todo o foco do seu trabalho na socialização do autista e leva ele para brincar com os colegas várias vezes durante as aulas forçado uma socialização. Isto estressa a criança que acaba se desestruturando totalmente causando uma sobrecarga emocional.
Alguns alunos com transtorno do espectro autista têm que ser acostumados a trabalhar sozinho, depois perto de um colega, depois na mesma mesa junto com um colega, depois com vários colegas. Tem que ser um processo gradual.
Quando analisamos as nossas ações sob outra ótica podemos ver que, muitas vezes, inconscientemente e por falta de informação, contribuímos para que estes problemas de comportamento surjam no espaço escolar e atitudes simples poderiam reduzir a sua ocorrência e ajudar o aluno a se adaptar a escola de uma forma mais tranqüila.
fonte: atividadesparaeducaçaoespecial.com
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